GOVERNO, ESTADO E MODO DE PRODUÇÃO

GOVERNO, ESTADO E MODO DE PRODUÇÃO

 LUIZ HENRIQUE MICHELATO

O direito natural do indivíduo se consagra por meio de promessas que não são cumpridas, seja por concessão ativa de Deus ou por qualquer autoridade que se apresenta, discorrendo acerca do domínio sobre o mundo e que varia de acordo com determinadas afirmações, pois seus herdeiros não teriam nenhum direito a eles, ou sobre todas as coisas que convergem nas ações humanas, alguma lei natural ou positiva exerce poder sobre as pessoas e a maneira como são executadas as relações sociais, ou seja, o poder de exercer o mando pode ou não ser determinado pela exatidão necessária, seguindo regras e ditames que coadunam com a ordem atual. Dessa forma, qual é a convergência entre governo, Estado e modo de produção?

É preciso diferenciar os conceitos entre modo de produção e formas de Estado, analisando profundamente suas conciliações e divergências. É possível destacar ao menos três modos de produção, variando de acordo com os sistemas escravagista, feudal e capitalista, que denotam em suas mais diversas formas de Estado e correntes, se condicionando entre absolutismo, monarquia, clero, aristocracia, burguesia, proletariado, república, presidencialismo, parlamentarismo, democracia, socialismo, comunismo, anarquismo, capitalismo, (neo)liberalismo, nazifascismo, keynesianismo, nacionalismo, social-democracia, Estado de bem-estar social (EBES), entre outras possíveis configurações sociais, políticas e econômicas.

Governos podem ser extremamente populistas, fazendo campanhas que somente atendem aos seus próprios interesses, sejam particulares, individuais ou até sectários, e que somente participam seus discípulos e seguidores. Um Estado deve implacavelmente atender aos interesses sociais e coletivos, partindo do pressuposto da produção coletiva, cooperativa e associativa, fortalecendo comércios locais e ações comunitárias que devem ser articuladas pelos mais diversos atores sociais. Um modo de produção pode variar historicamente entre escravismo, feudalismo e capitalismo, fundamentando-se por meio da exploração entre os homens numa cadeia produtiva, linear e injusta socialmente. Locke (2011) prevê uma forma de tratado sobre o governo, merecendo destaque seus julgamentos pela força e pela violência que visam manter a ordem burguesa de produção que se mostra incapaz de gerar oportunidades para todos os povos em todos os cantos do mundo, deflagrando crises e catástrofes que perduram secularmente. Um governo geralmente não representa os interesses da maioria da população, pois ascendeu ao poder por meio dos conchavos e acordos com a classe dominante e política, se perfazendo através de organismos antiéticos e incompetentes, que representam a minoria na sociedade, entretanto possuem poder e dinheiro para exercer seus mandos e desmandos, recebendo apoio do Estado através de seus mecanismos de controle, gratificando, comissionando e privilegiando indivíduos que se debruçam sobre o manto do bom senso e das boas causas, adicionando caráter a mais aprazível sinecura. Dessa forma, é possível entender o porquê da manipulação para manter a população alienada e desprovida de consciência crítica, evitando possíveis incômodos à ordem desprezível que se estabelece, onde os interesses particulares, individuais e sectários, se sobressaem com relação às demandas da população, gerando um tremendo caos social inescapável.

REFERÊNCIAS 

LOCKE, J. Segundo tratado sobre o governo. São Paulo: Martin Claret, 2011.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

“BOÇALNARISMO”, MARÇALISMO E A DECADÊNCIA DA POLÍTICA

EDUCAÇÃO NO SÉCULO XXI

Deus, Pátria, Família e Liberdade