DEVASTAÇÃO E PROGRESSO
DEVASTAÇÃO
E PROGRESSO
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As áreas
devastadas no Brasil são exorbitantes e ocorrem para que haja “ordem e
progresso”. O processo de industrialização/urbanização/favelização trouxe
benefícios para quem? Existe “liberdade de crítica” ou devemos seguir os dogmas
impostos pelos “seres privilegiados” que subjugam nosso povo!? O chamado “progresso”
aconteceu de maneira desequilibrada e em desacordo com as necessidades da
população, se desenvolvendo sem a devida organização para que haja saúde
pública e meio ambiente equilibrado.
A liberdade da ciência e da investigação científica, devem penetrar no fundo do desacordo, enquanto tendências que causam estardalhaço, colocando “em cheque” as falsas narrativas, “fake news”, mentiras e uma massiva desinformação que passou a impregnar o imaginário social. “Como as alcunhas, são consagradas pelo uso e se tornam quase nomes comuns”. (Lenin, 1973, p. 15). Vários oportunistas desconsideram as vontades do povo, atuando em benefício de seu ego que se funda em individualismo e consumismo. É preciso discutir os significados dos termos e respeitar a liberdade de crítica sobre as nuances que fundamentam o “progresso” e as áreas devastadas no Brasil. O agronegócio e a monocultura beneficiaram quem? É preciso problematizar tais questões no Brasil, considerando uma cadeia produtiva que se baseia no comércio de grãos e alimentos ultraprocessados que intoxicam e matam nossos recursos naturais e o nosso povo.
O que dizer
sobre a pobreza e a extrema-pobreza que atinge cerca de 70 milhões de
brasileiros!? São condições impostas pelo sistema capitalista neoliberal,
condicionadas pela concepção materialista da história. São contradições que se
agravam cotidianamente, predominando a pobreza, a falta de qualificação, a
insalubridade, o desemprego, a precarização das condições de trabalho e
habitacionais, o uso abusivo de drogas e álcool, as doenças que podem ser
prevenidas mas não são, ampliando o lucro da indústria farmacêutica, a
criminalidade estimulada por meio do discurso de que “bandido bom é bandido
morto” alavancando os lucros da indústria bélica que se utiliza dos “fantoches político-partidários”,
a defasagem e a evasão escolar, o semi-analfabetismo e o analfabetismo
funcional que condiciona os sujeitos a mediocridade e a pobreza cultural,
impedindo qualquer tipo de mobilização organizada e estruturada, orquestrada
pelo ensino tradicional/tecnicista/bancário e “emburrecedor” proposto pelas “elites
feudais e aristocráticas”, que temem pela concepção crítica de mundo, a
gravidez na adolescência que assola inúmeras famílias, a falta de planejamento
familiar, a omissão e a irresponsabilidade do Estado burguês e do capitalista
de “bom coração” que “come caviar e defeca filantropia”, a favelização e a
marginalização, a exclusão social, o dilema entre transferência de renda x
carteira assinada, a criminalidade e a violência, são expressões da questão social
que se entrelaçam nesta devastação e “progresso”.
Progresso e devastação para quem? O que vamos usufruir? A vontade da maioria vem sendo respeitada? O que significa “sufrágio universal”? As massas precisam apresentar reivindicações concretas, ressaltando sua liberdade de crítica contra o sistema que impôs a devastação e a degradação no Brasil. É preciso se organizar de forma coletiva e articulada, apreciando inexoravelmente as demandas destes mais de ¼ da população brasileira vivendo em situação de risco e vulnerabilidade social.
Praticamente inexiste vegetação em boa parte do território nacional, destaque para as regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, que estão completamente tomadas pelo processo de plantation/monocultura/industrialização/urbanização/favelização, concentração fundiária e de renda que somente produz pobreza para muitos e riqueza para poucos “seres privilegiados”, variadas formas de desigualdade, criminalidade, violência, entre outras latentes expressões da questão social impostas pelo sistema de produção. O imperialismo espoliou e usurpou nossas riquezas naturais, promovendo uma paisagem devastadora no Brasil e que merece ser tratada com responsabilidade e ética pelos organismos responsáveis. “A chuva que irriga os centros do poder imperialista afoga os vastos subúrbios do sistema”. (Galeano, 1998, p. 14). A classe dominante nos condena a uma vida de “bestas de carga”, devastando completamente nosso país em vista do lucro e de uma forma de vida insignificante, medíocre e fútil.
A desigualdade e a pobreza atingem níveis alarmantes e magnitudes cada vez mais dramáticas. Galeano (1998) destaca que a renda média de um cidadão norte-americano é sete vezes maior de que a de um latino-americano. Isso existe majoritariamente através das áreas devastadas no Brasil, bem como das áreas de vários outros países considerados periféricos, de capitalismo tardio e que atualmente receberam uma nova alcunha e nomenclatura para seu “seleto” grupo, compreendidos e identificados como países em desenvolvimento, pois, a nossa “desgraça” representa a “alegria” de alguns “seres privilegiados”, numa sociedade onde as “castas” ainda prevalecem. Nossa burguesia “vendeu a alma para o diabo” as custas da devastação e da pobreza de 70 milhões de brasileiros. Desta forma, industrialização e latifúndio caminham “lado a lado de mãos dadas” rumo a um “progresso” devastador; “estende-se a pobreza e concentra a riqueza” segundo Galeano (1998).
Quais alternativas são viáveis nesta altura do campeonato?! Organizar o Estado sob o viés da social-democracia, realizando uma ampla reforma urbana e agrária; redução da carga horária de trabalho e o fortalecimento de ações comunitárias; ampliação de projetos voltados para a economia solidária e as associações e cooperativas; implementar modelos de organização relativos à autogestão e a equiparação salarial através do trabalho digno e da distribuição da riqueza socialmente produzida; aumento real do salário-mínimo e que atenda às necessidades das pessoas e famílias. Neste sentido, a riqueza e a renda precisam ser desconcentradas para que os problemas da nação possam ser resolvidos. E por fim, mesmo não esgotando o tema, a classe dominante possui uma dívida histórica e praticamente impagável diante da tamanha perversidade que já causou e continua causando a humanidade, sobretudo em promover a devastação e a pobreza de 70 milhões de brasileiros. Por gentileza, pensem nas gerações passadas, atuais e vindouras!
REFERÊNCIAS
CAMARGO, R. C. Atlas Escolar Geográfico. Ciranda Cultural, 2006.
GALEANO, E. As veias abertas da América Latina. 38ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998.
LENIN, V. I. U. Que fazer? 2ª ed. Lisboa: Coleção Práxis nº 12, Editorial Estampa, 1973.
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