EDUCAÇÃO NO SÉCULO XXI

 

EDUCAÇÃO NO SÉCULO XXI

 

Luiz Henrique Michelato

Assistente Social e Professor

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Jandaia do Sul, PR, Brasil – 08 e 09 de agosto de 2024

 

A educação no século XXI deve permear o conhecimento crítico acerca do sistema que se evidencia e se reconstrói cotidianamente. Os educandos devem ser ensinados de acordo com o que apresenta o conhecimento científico, destacando a metodologia e o respeito ao processo de ensino-aprendizagem de cada estudante, uma vez que é possível considerar seu contexto e os aspectos culturais. O conceito de educação, segundo o dicionário da língua portuguesa, remete a algo transformador, com o desenvolvimento de todas as faculdades dos indivíduos, com polidez e cortesia. Neste sentido, é possível existir sentimentos de coletividade e de bem-estar social, se o que prevalece é intensa desigualdade? É possível propor a autonomia dos indivíduos? Segundo Hegel (1999) é possível considerar os antagonismos, envolvendo o raciocínio, o conhecimento, o racionalismo e o pensamento universal.

O que é ser racional? As regras burguesas estão corretas? O pensamento e a cultura atual são ideias corretas? Ideias totalitárias são verdadeiras? Segundo o grande autor Hayek (2010) é essencial compreender as forças da natureza, com indagações presentes e propostas por “canalhas e bandidos”. Indivíduos honestos e que atuam pelo bem da comunidade, devem ocupar cargos de relevância pública, culminando em um possível trabalho sério e ético perante as expressões da questão social. As ilusões estão presentes nos corpos de falsos democratas que estão travestidos de interesses totalitários, desejando fazer parte do governo somente para enriquecer de forma inidônea. “Muitos prefeririam confiá-lo a alguém que reputam mais competente”. (Hayek, 2010, p. 139). Os ditadores ditam as regras e obrigam a sociedade a segui-las, no entanto, em muitos casos, tais ditadores não seguem suas próprias regras. Qual a diferença entre homens de bem e maus indivíduos? O profissional deve ter suas obrigações relacionadas com o desenvolvimento da sociedade, diante das estruturas e relações sociais, apropriando a essência, o processo e a metodologia que abrangem a evolução dos sujeitos. “A resposta a esta indagação nos faz entender o ato comprometido, que começa a desvelar-se diante da nossa curiosidade”. (Freire, 1979, p. 16).

A educação tem poder transformador, podendo mudar a realidade dos indivíduos e da coletividade. Ao educador cabe o dever e a obrigação de atender plenamente os estudantes, esclarecendo sobre conceitos e possibilidades de aproximação junto a realidade e totalidade. Deve-se trazer à tona as problematizações sobre o mundo que nos rodeia, considerando valores humanistas e libertários. Estimular o desenvolvimento das habilidades e potencialidades dos educandos é sempre fundamental no processo de ensino-aprendizagem, que pode ser construído de maneira conjunta, com vários alunos e com a presença in loco para conhecer a sistemática que se desenha no dia a dia. Fazendo uma comparação entre a paisagem urbana que se define através do poder aquisitivo, estando determinado pela luta de classes e principalmente pelo processo de acumulação do capital, da especulação, do capital financeiro, entre outras variações impostas pelo modo de produção capitalista, atrelado ao ideário neoliberal.

A pesquisa científica defende que o desenvolvimento do homem ocorre através de múltiplas experiências. A psicologia científica apresenta o conceito de homem moderno, enquanto produto das linhas evolutivas, nos termos de Vygotsky (1930). Baseando-se na estrutura hereditária e de valores transmitidos entre as gerações. Desta forma, se avalia o desenvolvimento e evolução da humanidade. Ao homem, é necessário compartilhar conhecimentos e experiências positivas, fortalecendo o processo de construção conjunta do conhecimento, favorecendo o pleno desenvolvimento de capacidades e habilidades dos educandos durante o processo de ensino-aprendizagem. O diálogo se faz imprescindível, aliado a capacidade crítica de analisar a vida na aldeia global, num mundo conectado e fissurado em redes sociais.

É possível citar experiências enquanto estudante de graduação em Pedagogia, na aula de Pensamento Computacional, na turma havia cerca de 9 alunos, consistindo no infantil V (educação infantil), sendo aplicado pelo professor, uma atividade de pintura, desenho, e com lápis de cor, sendo prestado auxílio aos alunos durante o desenvolvimento da atividade. Foi interessante observar a interação entre alunos e professor, as falas e os gestos são sempre pertinentes para que algo relevante seja observado. Foi observado o efetivo de profissionais, a parte de gestão e a estrutura da escola, sendo importante destacar a escola enquanto espaço de construção conjunta de conhecimento e de democratização durante o processo de ensino-aprendizagem. Na oportunidade houve o compartilhamento dos livros citados neste texto, sendo avistado que alguns alunos na faixa etária dos cinco anos ainda não sabem ler e escrever.

Muitos alunos ainda precisam de apoio no processo de ensino-aprendizagem, demonstrando em grande parte, interesse em realizar as atividades. Contudo, é possível constatar o quanto é importante o processo de construção conjunta do conhecimento e acerca da necessidade de concentração. É importante destacar as habilidades sociais e humanas de determinados educandos, que durante a aplicação da atividade de jogo, alguns apresentaram comportamentos relativos à persuasão, sendo importante destacar a questão ética que abrange a necessidade de interagir com respeito e responsabilidade. Torna-se imprescindível destacar o sentimento de pertencimento, de “não roubar” nos jogos com os colegas, sobre as necessidades em se manter o controle, sobretudo emocional, considerando os últimos minutos de aula, quando as crianças tendem a ficarem mais dispersas.

Na Escola Monteiro Lobato, em Jandaia do Sul/PR, é possível observar os comportamentos, gestos e falas. No período da tarde, foi observado o desenvolvimento dos alunos no 3º ano, com cerca de 11 alunos em sala, sendo desenvolvido o presente artigo, por meio da obra “Nós e o marxismo”. Foi possível pensar em considerações pertinentes ao Projeto Político Pedagógico (PPP), avaliado em seu aspecto democrático e participativo. Devem existir tarefas políticas pedagógicas em cada instituição, analisando as complexidades históricas e atuais que convulsionam o processo de construção conjunta dos conceitos, características, local da instituição, nível do professorado, recursos humanos, nível dos educandos, compreendidas as peculiaridades dos alunos. Foi avaliada a turma, no tocante ao processo de ensino-aprendizagem, sendo auxiliado a professora a aplicar a atividade com jogo, contendo os nomes dos alunos, proporcionando a escrita no quadro-negro, onde os alunos demonstraram interesse pela atividade, participando ativamente do processo de construção do conhecimento, sendo desenvolvido o letramento, e ao mesmo tempo foi realizada a participação na atividade. O desenvolvimento da leitura e da escrita é fundamental que seja desenvolvido com as crianças desde cedo, compreendendo os direitos sociais instituídos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), pois, segundo Fernandes (2009) os trabalhadores devem se interessar por política, a verdadeira política vinculada ao bem comum e a abordagem coletiva. A professora desenvolveu atividade sobre o envio de cartas, evoluindo através de sequência didática, acerca do equilíbrio para se viver.

Partindo do pressuposto conceitual sobre “ensinar” abrangendo o ato de conhecer e de ‘ajudar’ a aprender, investido no ensinamento, no aprendizado e na aprendizagem, de acordo com o dicionário da língua portuguesa. A professora desenvolveu a produção de uma carta do leitor. As Ciências Humanas das Crianças (CHC), deve avaliar e analisar os impactos da educação na vida em sociedade, defendendo ideais justos socialmente, considerando os elevados índices de desigualdade social e econômica. É possível definir o estudo sobre as características do desenvolvimento da criança, avaliando sobre a construção de uma carta, uma vez que é sempre pertinente utilizar o livro didático, disposto pelos regimentos e legislações vigentes. A soberania, a cidadania e a dignidade da pessoa humana, são direitos sociais e individuais, garantidos pela Constituição Federal de 1988 (CF/1988). Valorizando o trabalho e a livre iniciativa, respeitando o pluralismo político, baseados em valores pressupostos pela democracia e paz entre os povos. Foi apresentado sobre a formação das frases e palavras, seu sentido e uso da vírgula, onde os alunos as vezes ficam dispersos, permeando aspectos culturais sobre perspectivas de consumo, pois, o capitalismo impõe sua cultura, atribuída as relações imperialistas, sendo essencial para que a ordem capitalista de produção, continue obtendo êxito estimulando inexoravelmente o consumo.

Tais formatações funcionam em escala nacional e internacional, conforme indica Ianni (1976) “A produção dessas relações implica na reprodução de ideias, valores, princípios e doutrinas”. (Ianni, 1976, p. 13). A professora aplicou atividade sobre a dengue e o processo de prevenção. Atividades com a produção de panfleto. A abordagem de ‘reforço positivo’, busca estimular os estudantes a produzirem e a desenvolver suas habilidades. A questão da consciência de classe, precisa ser orquestrada pelos trabalhadores explorados pelo capital, contracenando com as profundas injustiças sociais. Segundo Lukács (1969) a classe trabalhadora necessita de um método, sendo preciso gerar uma força motriz, capaz de se reerguer diante da “escravidão” assalariada. A educação e o processo de ensino-aprendizagem se constroem de forma conjunta. Ao mesmo tempo quem aprende-ensina, transferindo poder diante das representações, estimulando o desenvolvimento cognitivo, as experiências sociais, os retratos da realidade e a conjuntura local e regional. A música pode estimular o processo de assimilação de conhecimento, porém, alguns alunos apresentam enormes dificuldades em realizar determinadas atividades. Em diálogo com os docentes, existem relatos de crianças que conseguem evoluir nos estudos e no processo de ensino-aprendizagem, quando são estimulados também em casa. A turma em grande parte apresenta bom comportamento e rendimento. A professora trouxe música instrumental durante a aula, e os alunos demonstraram curiosidade com as canções, que geralmente não são ouvidas em outros ambientes. Houve uso de internet, celular, quadro-negro, giz, apagador, canetas, papéis, diálogo com os alunos, mesas, cadeiras, ar-condicionado com ar quente, boa iluminação, ambiente arejado e com ventilação é sempre essencial.

Em conversas informais, alguns profissionais relatam a necessidade em se desenvolver conteúdo na área da Informática e Digitação, buscando estimular outras áreas do conhecimento e saber. Neste sentido, a Inteligência Artificial (IA), pode contribuir com o processo de construção da educação e do ensino-aprendizagem, favorecendo o pleno desenvolvimento das capacidades e habilidades dos estudantes. É possível desenvolver aulas de música, arte, pintura, desenho, escrita, habilidades sociais e culturais. As visitas em outras instituições também seriam de grande valia, neste ínterim, contribuindo sobremaneira para o processo de educação permanente e de constante qualificação profissional dos trabalhadores e dos educandos, atuando de forma coletiva e participativa com as famílias e com a comunidade. É importante que os serviços públicos sejam eficazes em contribuir com o desenvolvimento da sociedade, implementando serviços ágeis e inteligentes, que podem favorecer o conhecimento do território em suas dificuldades e desprazeres. Espaços com novas experiências devem ser propostos, tendo em vista o desenvolvimento e ampliação do processo de construção conjunta da educação, abrangendo as determinações do modo de produção, que deve avaliar os impactos do mercado na vida das pessoas, direcionada através de escalas, limites e ponderações, abordando temas pertinentes ao estudo do território, do relevo, do solo, do oxigênio e da saúde pública.

 

REFERÊNCIAS

 

Constituição Federal de 1988. CF de bolso. 3ª ed. São Paulo: Editora Rideel, 2020.

 

Dicionário escolar da língua portuguesa. Jaraguá do Sul: Avenida Graf. e Ed., 2012.

 

FERNANDES, Florestan. Nós e o marxismo. São Paulo: Expressão Popular, 2009.

 

FREIRE, Paulo. Educação e mudança. 21ª ed. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1979.

 

HAYEK, F. A. O caminho da servidão. São Paulo: Instituto Ludwig Von Mises Brasil, 2010.

 

HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. Estética, a ideia e o ideal. Estética: o belo artístico ou o ideal. São Paulo: Nova Cultural, 1999.

 

IANNI, Octavio. Imperialismo e cultura. Sociologia brasileira. Petrópolis: Vozes, 1976.

 

LUKÁCS, György. Estrutura de classes e estratificação social: a consciência de classe. Textos básicos de ciências sociais. Rio de Janeira: Zahar Editores, 1969.

 

VYGOTSKY, Lev. A transformação socialista do homem. Disponível em: https://www.marxists.org/portugues/vygotsky/1930/mes/transformacao.htm. Acesso em: 08 ago. 2024. 1930.