EDUCAÇÃO E EMANCIPAÇÃO HUMANA
EDUCAÇÃO
E EMANCIPAÇÃO HUMANA
Luiz Henrique Michelato
Assistente Social e Professor
http://lattes.cnpq.br/4337020765052211
https://www.amazon.com/author/luizhenriquemichelato
https://luizhenriquemichelato.blogspot.com/
Jandaia do Sul, PR, Brasil
29 e 30 de agosto de 2024
O sistema educacional brasileiro, deve reconhecer a
ideologia e o movimento político que prevalece no currículo educacional, que
forma seres alienados e desprovidos de consciência crítica que fundamenta a
vida em sociedade, tornando os indivíduos “bovinamente” convertidos a aceitarem
pacificamente às leis, regras e desejos da burguesia, compreendendo em muitos
casos uma profunda violação de direitos e deveres estabelecidos na
sociabilidade que vigora há muito tempo na história. O ensino tradicional,
tecnicista, “decoreba”, desprovido e distante da realidade, “emburrece” e causa
impactos nocivos no tocante a evolução da própria sociedade, comprometendo uma
boa convivência social, que preze pelos sentimentos afetivos e verdadeiramente
humanos, do ponto de vista da resolução pacífica de conflitos. A arte de
ensinar e aprender conjuntamente deve ser amplamente difundida, coletivizando
os meios de produção e os grandes conglomerados comerciais, que somente pensam
no lucro, estando viciados em sua própria ambição e orgulho, enganando uma
parte considerável da população, que aceita passivamente os ditames e conchavos
das “elites feudais”, contrapondo valores humanos e sociais voltados ao bem
comum, real democracia e justiça social.
Precisamos nos remeter a Libâneo e Pimenta (1999)
que indicam que os educadores devem ter visão crítica e perspectiva de mudança
do sistema que se estabelece e somente promove caos e degradação. A formação de
professores deve se pautar em conhecimento científico e filosófico, propondo um
processo de ensino e aprendizagem que permita que os educandos desenvolvam seu
maior potencial por meio de variações e recursos didáticos, estimulando o
pensamento, a reflexão e o senso crítico dos estudantes. O pedagogo escolar, os
professores, os trabalhadores, a equipe pedagógica, apropriadamente devendo ser
multidisciplinar, juntamente com a comunidade, estudantes, pesquisadores e
demais envolvidos, devem promover o engajamento dos seres humanos, buscando
potencializar as capacidades e habilidades dos sujeitos, através do conhecimento
científico e filosófico, cultural, psíquico, ideológico, político e social,
para que a sociedade melhore e evolua em todos os sentidos e vibrações que
podem surgir, permeando valores democráticos e justos socialmente.
Uma escola não deve ser considerada como algo que
serve para “acolhimento de pobres” tratando-os como meros animais irracionais
que fracassaram e merecem ser excluídos do modo de produção capitalista, que
somente estimula o consumo e a destruição do planeta terra e seus recursos
naturais que são escassos em muitas localidades que se encontram em situação de
intensa pobreza e desigualdades, contrariando as determinações das leis
burguesas que permeiam valores democráticos, justos e sociais, algo que compreende
o velho ditado do “cada um por si, e deus por todos”, favorecendo um tipo de
pertencimento individualista, egoísta, mesquinho e estapafúrdio de tentativa de
sobrevivência em meio a um caos insano e imposto pela classe dominante.
Os genuínos educadores devem estimular as mais
variadas e possíveis capacidades dos educandos, apresentando todo tipo de
ciência, arte e cultura, uma vez que é possível o pleno desenvolvimento dos
alunos, durante o processo de ensino e aprendizagem. O conhecimento deve ser
construído de maneira coletiva e conjunta, estabelecido através do respeito e
da responsabilidade social dos seres humanos. Libâneo (1994) defende o devido
planejamento escolar, prevendo as atividades por meio da organização e
coordenação, procurando sempre ponderar pelo bom senso, respeito e valores
democráticos. É possível haver readequações durante o processo de execução de
um planejamento, ressaltando seu aspecto de pesquisa, reflexão e avaliação dos
objetivos a serem alcançados e pactuados coletivamente.
É imprescindível superar o senso comum, de acordo
com Saviani (2009), fomentando a elevação da consciência filosófica, que deve desenvolver
uma didática que promova sujeitos com capacidade crítica para pensar e
reconstruir o mundo decadente que vivemos, recheado de falsos moralistas e
sofistas que se utilizam de uma retórica superficial e leviana, se aproveitando
da alienação que predomina em sociedade. O caráter tradicional, tecnicista, liberal,
reacionário e conservador que fundamenta a educação e a pedagogia escolar, deve
ser abolido para que seja possível reverter este quadro catastrófico que
vivemos, com níveis irrisórios de quociente de inteligência, com pessoas que
não sabem fazer análise de conjuntura e compreender sua própria realidade
existencial e o mundo que vive. É essencial que a população saiba entender seu
espaço e sua importância no sistema que sobrevive, avaliando os impactos de
suas decisões na sociedade.
A proposta educacional deve privilegiar o processo
de construção da emancipação humana, fortalecendo a autonomia e o protagonismo
dos indivíduos, rejeitando valores burgueses que sujeitam os seres humanos a reles
objetos e mercadorias facilmente substituíveis e descartáveis, contrariando o
necessário bom senso e o estabelecimento de formas democráticas e saudáveis de
existência em nossa sociabilidade. A metáfora e a retórica vazias de preceitos
adequados e que condizem a totalidade e realidade gritante dos seres humanos,
proposta por meio da degradação das relações sociais, conduzem a sociedade à
beira do caos e da guerra em todos os continentes, retratando uma realidade
cruel e opressora que escraviza, mata e massacra o povo trabalhador que move a
sociedade, produzindo bens e riquezas inestimáveis que são usurpadas pela
classe dominante irracional e imoral.
Os educadores, trabalhadores e intelectuais
orgânicos devem agir em prol da construção de uma sociedade voltada para o bem
comum e a justiça social, estimulando as mais variadas camadas populacionais a
pensarem de forma crítica o mundo capitalista neoliberal e fascista, propondo a
subversão da “podre” desordem burguesa que somente lucra e endivida o povo, os
tornando “escravos” do capital. O processo de “plataformização” exacerbada,
atrelada ao capital financeirizado e neoliberal, gera fetiches imbricados ao
consumismo e a “mercadorização” das vidas em sociedade, fundamentada pelo lucro
do mercado e intensas injustiças sociais relativas ao desemprego em massa, uso desordenado
e irracional da Inteligência Artificial (IA), prevalecendo o ódio entre as
classes sociais, através de guerras, matança, pobreza cultural, capacidade
destrutiva das forças produtivas, exercendo um poder sub-humano nas relações
comunicacionais e participativas.
Ao ouvir e aprender com o sociólogo e professor
Ricardo Antunes, em sua brilhante explanação no evento organizado pelo Conselho
Federal de Serviço Social (CFESS), realizado em 28 de agosto de 2024, evidencia-se
que devemos superar o modo de produção capitalista, devendo promover o ensino
crítico e de qualidade, que pense de forma crítica as desigualdades e profundas
injustiças sociais, gerando imensos problemas e perturbações da ordem que se
estabelece. A mão de obra se encontra com baixa escolaridade e sofrendo
demasiadas violações de direitos que não são respeitados pela classe dominante
que predomina e se perpetua de forma irracional, violenta, autoritária, esdrúxula,
arrogante e mesquinha, viralizando de uma maneira “pseudocomum” e natural,
sobrepujando o individualismo, a inveja e os sentimentos egoístas nos seres
humanos, usando-se dos aparatos disponíveis que escancaram verdades que de
certa forma não podem ser ditas.
O conteúdo pode ser inverídico e ideologizado de
maneira antiética pelos organismos sociais de produção, comunicação, uso de
algoritmos, presença de descensos que promovem um exagerado ódio de classe,
utilizado de forma equivocada pelo utilitarismo, fatalismo, identitarismo,
multiculturalismo e descrença aos interesses sociais e coletivos voltados e
fundamentados pelo bem comum, pelo associativismo, pelo cooperativismo, pela
autogestão dos serviços, programas, projetos, ritmo de trabalho e as mais
variadas instâncias sociais, políticas, econômicas, entre outras
possibilidades.
A classe trabalhadora precisa reconsiderar seu
papel de classe revolucionária reconhecendo suas capacidades enquanto forças
produtivas que neste sistema somente gera lucro para poucas pessoas, famílias
ou corporações, destacando o mercado da indústria bélica, tecnológica,
ideológica, farmacêutica, entre capital e trabalho. A proposta educacional,
cultural, política, estrutural, social e conjuntural deve permitir o
desenvolvimento das mais variadas habilidades dos seres humanos em prol da boa
convivência social, promovendo os interesses dos livres produtores associados
que ressurgem de um sistema cruel e opressor que não possui bom senso em
distribuir a riqueza socialmente produzida entre todos os seres humanos,
através de trabalho digno entre os 18 e 59 anos de idade, em escala de trabalho
reduzida para que todos possam usufruir do que é coletivamente construído em
nível global das relações humanas.
REFERÊNCIAS
CFESS (Conselho Federal de Serviço Social). 80 anos do Serviço Social
na Previdência: direito da classe trabalhadora. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=LRrOS_a71z4. Acesso em: 30 ago. 2024.
LIBÂNEO, José Carlos; PIMENTA, Selma Garrido. Formação de profissionais
da educação: visão crítica e perspectiva de mudança. Educação &
sociedade, v. 239-277, 1999.
________O planejamento escolar. Didática. São Paulo: Cortez,
p. 221-247, 1994.
SAVIANI, D. Educação: do senso comum à consciência filosófica.
Campinas, SP: Autores Associados. 2009.
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