SERVIÇO SOCIAL, NEOLIBERALISMO E CULTURA
SERVIÇO SOCIAL, NEOLIBERALISMO E
CULTURA
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RESUMO
O presente artigo tem como objetivo,
compreender e analisar o Serviço Social enquanto profissão clarificada sob o
ideário burguês, pelo viés crítico-dialético, bem como, quanto aos rebatimentos
do sistema neoliberal e as expressões da questão social impulsionadas pela luta
de classes no âmbito do sistema capitalista, apresentando a cultura como
pressuposto ideológico e de construção sócio-histórica, visando as contradições
inerentes a sociedade contemporânea, e a problematização entre reforma ou
revolução no âmbito do Serviço Social e de uma possível transformação social
estrutural da sociedade atual. O texto é construído através de material
bibliográfico sob o ideário do materialismo histórico-dialético, apresentando
fontes que embasam o Serviço Social crítico, que se estrutura através de
análises históricas dos rebatimentos do neoliberalismo em naturalizar a
pobreza, obtendo-se resultados que propiciem a problematização acerca das
transformações necessárias a construção de uma nova forma de sociedade, livre
das amarras do capital.
Palavras – Chave: Serviço Social. Neoliberalismo. Cultura. Crítica. Transformação Social
INTRODUÇÃO
O
presente texto, apresenta-se como forma de analisar e problematizar as questões
do neoliberalismo e da cultura ao Serviço Social enquanto profissão preconizada
em defender os interesses do capital, bem como avaliar seu potencial de mudança
e união junto a classe trabalhadora. Todavia, o tema justifica-se pelas atuais
demandas do Serviço Social em atender as expressões da questão social, postas
pelo capital neoliberal, bem como a cultura predominante na sociedade
contemporânea, sob o viés da alienação e pleno desenvolvimento das capacidades
do ser humano.
Contudo,
justifica-se problematizar a sociedade capitalista neoliberal, no intento da
transformação social estrutural, dando-lhe um recorte pelas reformas, através
da social-democracia, garantidas em inúmeras legislações, bem como com a
essencial caminhada ao socialismo\comunismo, imprescindível à sobrevivência
humana e preservação da biodiversidade e natureza, no planeta terra finito.
Utiliza-se
referencial bibliográfico sob revisão qualitativa, permitindo posicionamento
crítico inerente ao Serviço Social e os sujeitos atendidos em situação de
vulnerabilidade social, entregues à mercê da caridade burguesa e alienados do
processo de produção capitalista, analisando-se em linhas gerais tais
contradições sócio-históricas.
Contudo,
compreende-se como fator principal, avaliar o funcionamento do neoliberalismo,
e seu processo de acumulação, no sentido de generalização da pobreza, bem como
sua criminalização no âmbito do Estado penal preestabelecido a nível nacional,
configurando-se através do Serviço Social vigente, e a produção cultural em
sociedade.
Portanto,
compreende-se analisar o Serviço Social, bem como os rebatimentos para a
profissão, imbricadas ao sistema capitalista neoliberal, produzindo relações
sociais de exploração e uma permanente luta de classes e intensificação da
desigualdade social, avaliando-se o provável poderio da cultura como
alternativa para o despertar da classe trabalhadora, bem como em um amplo
processo de desalienação, de luta por direitos sociais, em vista da emancipação
humana.
Desta
forma, o presente trabalho desenha-se numa problemática ao Serviço Social, bem
como aos profissionais envolvidos neste processo intrínseco ao capital
neoliberal, abordando-se possíveis formas de superação das bases atuais de
exploração, em vista da organização da classe trabalhadora, em reivindicar
direitos, bem como emancipar-se socialmente, e buscar seu pleno desenvolvimento
de capacidades, em uma forma de sociedade justa a todos.
SERVIÇO SOCIAL CONTEMPORÂNEO
Compreende-se,
analisar o Serviço Social enquanto profissão que atua na ampla defesa de
direitos, bem como no enfrentamento entre as classes sociais engendradas ao
Estado burguês, avaliando-se o significado da profissão, conforme indica
Iamamoto, introduzindo-se no processo de produção e reprodução das relações
sociais, envolvendo a questão do trabalho, questão social e do Serviço Social
em tempos de financeirização do capital, abordando-se as competências
profissionais neste ínterim, enquanto trabalhador assalariado pelo capital, bem
como os desafios postos ao Serviço Social na dinâmica contemporânea.
O
ponto de partida da análise é o de que a luta pela afirmação dos direitos é
hoje também uma luta contra o capital, parte de um processo de acumulação de
forças para uma forma de desenvolvimento social, que possa vir a contemplar o
desenvolvimento de cada um e de todos os indivíduos sociais. Esses são, também,
dilemas do Serviço Social. (IAMAMOTO, s\d, p. 1).
Todavia,
a questão dos direitos sociais torna-se intrínsecas a atuação profissional do
assistente social nos vários espaços sócio-ocupacionais, abrangendo as diversas
competências profissionais inerentes ao cotidiano de atuação no cenário
contemporâneo, devendo-se responder às demandas profissionais, numa perspectiva
histórico-crítica, de acordo com Iamamoto.
Devendo-se
afastar-se de concepções errôneas quanto ao discurso de neutralidade
científica, adotando estratégias concretas frente a exploração de classes e as
expressões da questão social, contudo, a eficácia no atendimento deve-se ser
pré-requisito de trabalho do assistente social. “A competência é aí
personificada no discurso do administrador burocrata, da autoridade fundada na
hierarquia que dilui o poder sob a aparência de que não é exercido por ninguém.
(IAMAMOTO, p. 2).
Entretanto,
faz-se imprescindível a competência crítica, em desvendar o ideário conservador
e tecnocrático abrangendo o discurso burocratizante, analisando-se a raiz dos
problemas impostos pelo capital neoliberal, envolvendo estratégias de ação
frente ao processo de exploração vigente. Desta forma, constata-se interpretar
a gama de conhecimentos possíveis e existentes, construídos socialmente,
compreendendo a vida social das classes, dotado de universalidade, e avaliando
omissões e lacunas, segundo aponta Iamamoto.
Requerendo-se,
um diálogo crítico de acordo com as bases incorporadas ao Serviço Social, bem
como nas representações profissionais, abarcando a história da sociedade e de
seu pensamento social, proporcionando um diálogo conciso entre teoria e
história, redimensionando objetividade e conhecimento, sobressaindo-se a
burocracia, e privilegiando o movimento histórico e da cultura. Contudo, a
teoria expõe a expressão, envolvendo o campo do pensamento e do ser social, em
suas relações e determinações, em busca do concreto pensado.
Apresenta-se
com a produção intelectual herdada, de acordo com Iamamoto, de forma crítica,
concomitante ao conhecimento acumulado. “Exige um profissional culturalmente
versado e politicamente atento ao tempo histórico; atento para decifrar o
não-dito. (IAMAMOTO, p. 3). Compreendendo-se o discurso do poder, abrangendo
competência técnica e estratégica, bem como política e ética, direcionando o
fazer profissional.
Avalia-se,
no entanto, o movimento da própria realidade, decifrando suas mais variadas
manifestações, incidindo na ação profissional, acionando-se pela vontade
política dos sujeitos, abrangendo estratégias de ações entre o desejável e o
possível, descartando o messianismo utópico, envolvendo posicionamentos
individuais, necessitando-se da análise histórica do movimento real. “Numa
visão “heroica” e ingênua das possibilidades revolucionárias do exercício
profissional – quanto ao fatalismo, inspirado em análises que naturalizam a
vida social e traduzido numa visão “perversa” da profissão”. (IAMAMOTO, p. 3).
Contudo,
deve-se analisar a ordem do capital, bem como suas inerentes desigualdades,
onde o assistente social encontra-se atrelado e explorado pelo sistema
capitalista, tendo muito o que fazer diante de tal paradigma, devendo-se
voltar-se a defesa do trabalho e dos trabalhadores, afeitos a um referencial
acadêmico-profissional e social renovado, em lutar pela terra em seu acesso,
bem como a produção dos meios de vida, visando democracia, liberdade, igualdade
e justiça social no complexo histórico.
Nessa
direção social, a luta pela afirmação dos direitos de cidadania, que reconheça
as efetivas necessidades e interesses dos sujeitos sociais, é hoje fundamental
como parte do processo de acumulação de forças em direção a uma forma de
desenvolvimento social inclusiva para todos os indivíduos sociais. (IAMAMOTO,
p. 4).
Correlaciona-se
um amplo processo de renovação crítica, envolvendo lutar pelo processo de
democratização do Brasil, com presença das lutas operárias, permeadas pela
crise da ditadura militar, abrangendo a ditadura do grande capital, bem como
engendradas com os movimentos políticos das classes sociais, em vista da
elaboração da carta magna brasileira, ou seja, a Constituição Federal de 1988,
abrangendo a implantação do Estado Democrático de Direito, onde, os assistentes
sociais foram questionados, intensificando-se um amplo processo de ruptura com
o tradicionalismo profissional e o viés conservador, condicionando-se
preocupações emergentes no âmbito do
Serviço Social, exigindo-se respostas inovadoras, modificando-se os campos de
ensino, pesquisa, regulamentações, bem como a organização político-corporativa
dos assistentes sociais, conforme apresenta Iamamoto.
Nesta
seara, o Serviço Social brasileiro elaborou um projeto profissional crítico e
inovador, sob o viés do marxismo, abarcando perspectiva humanista de acordo com
as características históricas brasileira, regulamentadas pelo código de ética
do assistente social de (1993), lei de regulamentação da profissão de (1993), e
diretrizes curriculares de (1996, 1997, 1999, 2001).
Todavia,
os assistentes sociais trabalham diretamente com as expressões da questão
social, expressando-se na vida dos indivíduos sociais, em diversos segmentos
das classes subalternas, envolvendo luta de classes e relações de poder, bem
como, as possíveis ações coletivas, em busca da ampliação e efetivação dos
direitos sociais, cidadania e de implantação de políticas públicas, de acordo
com Iamamoto.
Os
espaços ocupacionais do assistente social têm lugar no Estado – nas esferas do
poder executivo, legislativo e judiciário –, em empresas privadas capitalistas,
em organizações da sociedade civil sem fins lucrativos e na assessoria a
organizações e movimentos sociais. Esses distintos espaços são dotados de
racionalidades e funções distintas na divisão social e técnica do trabalho,
porquanto implicam relações sociais de natureza particular, capitaneadas por
diferentes sujeitos sociais, que figuram como empregadores (o empresariado, o
Estado, associações da sociedade civil e, especificamente, os trabalhadores).
Elas condicionam o caráter do trabalho realizado (voltado ou não à
lucratividade do capital), suas possibilidades e limites, assim como o
significado social e efeitos na sociedade. Ora, as incidências do trabalho
profissional na sociedade não dependem apenas da atuação isolada do assistente
social, mas do conjunto das relações e condições sociais por meio das quais ele
se realiza. (IAMAMOTO, s\d, p. 5).
Assim
sendo, os assistentes sociais trabalham na formulação de políticas públicas, em
vários espaços, como na área da saúde, educação, previdência, assistência
social, habitação, meio ambiente, entre outros, no intento da defesa,
efetivação e ampliação dos direitos sociais da população usuária dos serviços
públicos. Ocorre-se, também, atuações na iniciativa privada, com repasse de
serviços, benefícios, e organizando atividades relativas à produção, consumo e
circulação de bens e serviços, trabalhando concomitantemente em processos de
organização e formação política de movimentos dos trabalhadores.
NEOLIBERALISMO E AS EXPRESSÕES DA QUESTÃO SOCIAL
O
sistema neoliberal, de acordo com Souza (1995), pressupõe a globalização da
economia, revolução científico-técnica, falência do Estado, eficiência do
mercado e o fim da história, abrangendo dogmas desta forma de sistema,
configurando uma concepção de mundo, sobretudo, através de visão ideológica.
É
uma concepção ideológica que se constrói não a partir da realidade, mas apenas
de alguns fragmentos da aparência dela. É muito mais expressão do desejo, da
subjetividade, dos que a formularam do que da realidade. Porque está em curso
uma crescente integração dos circuitos financeiros em âmbito internacional, os
neoliberais afirmam que existe a globalização do conjunto da economia, quando,
na verdade, o que há é a tentativa de redivisão do mundo e o reforço das
fronteiras econômicas das áreas sob comando dos monopólios das grandes
potências. (SOUZA, 1995, p. 7).
Nesse
sentido, integram-se os circuitos financeiros internacionais, abrangendo,
avanços nas ciências e tecnologias, ocorrendo a chamada revolução
científico-técnica ou terceira revolução tecnológica e industrial, porém,
ocorre-se a estagnação da economia mundial e o poderio dos monopólios, de
acordo com Souza (1995).
Todavia,
o discurso prevalecente envolve a falência do Estado, ao enfrentamento de
imensas dificuldades financeiras. “Quando o que há é a mais pura e deslavada
pilhagem do Estado pelos grupos monopolistas privados”. (SOUZA, p. 8). Com sua
notável obsessão pela obtenção de lucros, em detrimento da classe trabalhadora.
Entretanto,
acontece o agravamento das contradições do capitalismo mundial, demonstrando
seu total esgotamento em sua ordem e modo de produção, configurando-se, uma
ampla necessidade de sua superação através da organização do proletariado, em
vista da emancipação humana.
Contudo,
o mercado traduz-se como um Deus, capaz de resolver todos os problemas da
sociedade, no entanto, ocorre-se o agravamento das expressões da questão
social, onde impregna-se a ideia da construção de uma sociedade perfeita,
entretanto, predomina-se a ação dos monopólios e o desaparecimento da
sociedade, conforme discorre Souza (1995).
Entretanto,
o neoliberalismo deve ser de condição efêmera, todavia, deixando inúmeros
problemas sociais e alarmantes índices de criminalidade e naturalização da
pobreza, condicionando os indivíduos a exclusão social, representando-se em uma
ideologia frágil, praticando-se o tempo todo, o contrário do que determina,
caindo numa frequente contradição intrínseca, própria de seu funcionamento e
sistema, em defender inexoravelmente a classe burguesa, baseando-se na
liberdade, e a violando constantemente, favorecendo o sistema capitalista
atual. “Um sistema que tem de depender de uma ideologia como essa termina por
escancarar na superfície a sua vulnerabilidade”. (SOUZA, p. 8).
Assim
sendo, o neoliberalismo traduz-se em dogmas, propagados pela grande mídia
mundial, convertendo-se em mitos, onde se desmancham, em forma de colapso como
verifica-se atualmente, em mazelas predominantes e expressões da questão social
alarmantes, com índices de criminalidade, desemprego estrutural, dependência
química, violação de direitos e demais problemas inerentes a esta forma de
sistema que degrada vidas humanas, biodiversidade e planeta terra finito,
desconsiderando presentes e futuras gerações para possível sobrevivência em
harmonia e paz social.
O
chamado neoliberalismo não é uma teoria científica. Nem muito menos uma
corrente de pensamento científico. Não chega também a ser uma doutrina. É uma
ideologia – mais propriamente, é o elemento central da ideologia da oligarquia
financeira que domina o mundo, na atual etapa do capitalismo. (SOUZA, 1995, p.
9).
Nesse
sentido, toda forma de sociedade necessita de uma ideologia promovendo uma
certa coesão social, representando a ideologia da classe dominante, com um
reflexo deformado das condições socioeconômicas vigentes, conforme indica Souza
(1995), mantendo-se através da coerção e da violência, como verifica-se em
tempos atuais, instaurando-se ditaduras em vários locais e territórios mundo
afora, podendo-se fazer germinar as revoluções proletárias e movimentos por
ampliação de direitos sociais. Podendo-se subverter a ordem burguesa
exploratória, afirmando-se o novo, de forma positiva a uma reconstrução social
coletiva, assegurando-se uma nova era, com pleno desenvolvimento das
capacidades humanas.
Conforme
expõe Netto (1995), expressa-se uma crise global na sociedade contemporânea,
com a decadência do Welfare State, conhecido como Estado de Bem Estar Social,
simultaneamente ao colapso do socialismo real e das tentativas
“terceiro-mundistas”, no tocante a superação do processo de subalternidade
exigido pelo capital neoliberal, num circuito econômico e político global,
conhecidamente apresentado como o fim da história, reformando o capitalismo e a
ordem burguesa, potencializada com o neoliberalismo.
Sobretudo,
nada parece definido e clarificado, numa conjuntura problemática, podendo-se
ser vislumbrado a ultrapassagem da barbárie que se instaura na sociedade, de
certa forma, com o reforço da mídia de massa, expressando-se em ampla regressão
social, segundo Netto (1995), configurando-se através do neoliberalismo,
envolvendo a crise da ordem do capital.
Todavia,
abrange-se uma radicalidade crítica, engendrada a uma cultura política,
envolvendo-se valores humanistas concretos, porém, destaca-se a crise do
capitalismo em seu processo de acumulação, implicando-se, “a curva descrente da
eficácia econômico-social da ordem do capital”. (NETTO, p. 69).
Indica-se
que o Estado mínimo, ou máximo para o capital, de acordo com Netto (1995),
trata-se de condições políticas, potencializando as tradicionais contradições
da ordem do capital, onde o pensamento neoliberal converte-se num pensamento
antidemocrático, ou seja, representa um projeto histórico próprio da burguesia,
bem como, da direita, onde a grande burguesia monopolista e a oligarquia
financeira, vivenciam índices elevados de acumulação de riquezas, bens e
patrimônios.
Sobretudo,
em virtude da concepção de mercado livre, desta forma, não se erradica os
mecanismos reguladores da economia, envolvendo seus próprios interesses de
classe burgueses, reduzindo os mínimos sociais a classe trabalhadora,
criminalizando a pobreza, superlotando presídios, e elevando gritantemente as
expressões da questão social.
O
que desejam e pretendem, em face da crise contemporânea da ordem do capital, é
erradicar mecanismos reguladores que contenham qualquer componente democrática
de controle do movimento do capital. O que desejam e pretendem não é “reduzir a
intervenção do Estado”, mas encontrar as condições ótimas (hoje só possíveis
com o estreitamento das instituições democráticas) para direcioná-la segundo
seus particulares interesses de classe. (NETTO, 1995, p. 81).
Portanto,
a própria burguesia, patrocina tal tipo de formatação estatal, e de sua
funcionalidade, segundo Netto (1995), em sua forma de pensamento neoliberal,
configurando-se numa dinâmica ofensiva, frente aos trabalhadores e a construção
de uma sociedade melhor, e que a proposta de Estado mínimo, viabiliza o que foi
dificultado pelo progresso da democracia política, representando-se em Estado
máximo para o capital.
Resultando-se,
no agravamento da barbárie e da perversidade capitalista neoliberal,
generalizando o desemprego, a ausência de renda, e as mais variadas mazelas e
expressões da questão social, favorecendo o processo de acumulação, em
detrimento do bem-estar social da sociedade.
CULTURA, REFORMA OU REVOLUÇÃO
No
âmbito de uma abordagem histórica, em vista do funcionamento de uma nova
democracia, de acordo com Machado (2020), formando-se um novo Estado,
vinculando-se cultura e socialismo, portanto, cultura definindo-se como esfera,
pensamento, estrutura de atividades e construção de consciência, organizadas
por grupos intelectuais interligados a classe trabalhadora, todavia, pelas
massas, em funções organizativas no processo de produção e no modo cultural,
envolvendo-se organização e cultura, em busca de profunda compreensão do
cenário político e econômico contemporâneo.
Desta
forma, a cultura deve ser analisada em seu desenvolvimento, abrangendo enorme
mobilidade, como autodisciplina, exercido coletivamente em sociedade e
fundamentalmente ao proletariado, em vista da transformação social estrutural
do modo de produção atual, compreende-se cultura como expressão da sociedade,
envolvendo a noção de senso comum, engendrada nessa dinâmica, possuindo-se uma
língua historicamente determinada, diferenciando-se entre locais, regiões,
nacionalidades e territórios, de acordo com Machado (2020).
Cultura
passa a ter o significado de unificação cultural do gênero humano. Por um lado,
há a proposta de uma nova concepção de mundo relacionada com o desenvolvimento
humano e o trabalho exercido pelo proletariado. Por outro lado, cultura é vista
como uma religião laica -- a partir de uma cultura crítica e formação
humanista. (MACHADO, 2020, p. 2).
Nesse
sentido, configura-se uma filosofia envolvendo cultura e uma forma de ética, ou
seja, abrangendo uma nova forma de viver e um comportamento cívico, não sendo
possível ser realizado sob o capitalismo. Engendra-se totalidade e cultura
hegemônica, abarcando o operário qualificado, instaurado por intelectuais,
imbricando-se na produção e no modo cultural, necessitando-se de uma imperativa
organização do proletariado, “como questão política, questão prática articulada
e estruturada que organiza a vida humana e que seja organizadora da sociedade”.
(MACHADO, p. 2).
Destarte,
necessita-se erigir uma nova cultura, sob uma nova base social, criando-se uma
cultura crítica, em vista da supressão das formas tradicionais de existência,
entre cultura moderna e cultura popular, construindo-se um novo Estado,
formando-se uma nova sociedade, determinando-se numa luta hegemônica da classe
trabalhadora explorada. “O pensador coletivo deveria realizar uma luta cultural
para transformar a mentalidade popular com a necessidade de um trabalho que
envolva todos os homens, num movimento cultural, para um novo humanismo em
nível internacional”. (MACHADO, p. 2).
Traduz-se
linguagem em cultura, de forma internacional e interdisciplinar, relacionando
pensamento e ação, e teoria e prática, transformando-se em filosofia da práxis,
em busca de uma nova cultura, portanto, visa uma ação criativa e de se projetar
um novo Estado, calcado pela participação popular, livre da exploração
capitalista.
Envolvem-se,
contudo, questões dialéticas, em pleno desenvolvimento das categorias
essenciais as transformações, buscando-se a construção de uma cultura popular,
envolto em uma reforma intelectual e moral, conforme defende Machado (2020), e
de forma original em pensar num processo revolucionário e democrático, onde os
intelectuais assumem papel preponderante em organizar e articular uma
determinada revolução cultural, voltada à prática revolucionária, criando-se
uma forma de cultura laica, tratando-se da transformação da sociedade e da
construção de um novo Estado, instaurando-se uma chamada cultura forte, dos
trabalhadores urbanos e rurais, “que permita às classes subalternas de se
expressarem e se organizarem em torno de uma nova democracia”. (MACHADO, p. 3).
Contudo,
determina-se tal cultura historicamente, e da atuação do intelectual em atuar
na vida prática, organizando os aspectos da alta cultura do proletariado,
democratizando o saber e do conhecimento em sociedade, abrangendo-se a
hegemonia das classes subalternas, visando-se a construção de um novo Estado e
de uma nova forma de democracia operária.
Nesse
sentido, há uma relação intrínseca entre cultura e intelectualismo, no devido
aproximar-se com a classe trabalhadora, dialogando com as massas, que estão
organicamente interligadas, permitindo conhecer-se a si mesmo e seus
semelhantes de classe, agindo coletivamente e criticamente perante o capital
neoliberal, representando ponto central entre socialismo e cultura,
apropriando-se da própria personalidade, conquistando uma consciência superior,
compreendendo-se seu próprio valor histórico e função na vida, e abrangendo
direitos e deveres em sociedade, de acordo com Machado (2020).
Portanto,
sendo entendido como uma cultura marxista, por meio da reflexão crítica,
abrangendo toda uma classe social, avaliando fatos e contradições impostas pelo
capital, e os meios necessários para subvertê-los, em vista da reconstrução
social, considerando-se o contexto histórico, propiciando uma cultura
emancipadora, e uma constante formação crítica, penetrando-se culturalmente e
através das ideias, onde, a própria cultura crítica organiza e orienta a classe
trabalhadora rumo a vitória e a transformação social estrutural da sociedade.
Contudo,
promove-se uma orientação de cultura socialista, com imperativo envolvimento da
classe trabalhadora, em superar as formas atuais de opressão capitalista
neoliberal, formando-se uma instituição proletária, criando-se um organismo
através de suas forças e com sua boa vontade em melhorar o mundo, preservando
vidas humanas, natureza e planeta terra, conforme indica Machado (2020).
Todavia,
deve-se organizar locais de debate e estudos sobre as melhores formas de agir
perante o capital, e sobre as questões pertinentes ao proletariado,
possibilitando a tomada consciente de decisões, onde as classes subalternas
reeducam-se, em círculos de cultura, produzindo-se uma nova vida social,
engendrando-se socialismo, cultura e trabalho, bem como a auto-organização da
classe trabalhadora, visando sua propagação de ideais.
Através
de uma visão crítica, pode-se almejar uma nova forma de sociedade, de acordo
com Machado (2020), de forma universal e coletiva, envolvendo-se a revolução
socialista, determinando-se, pensamento, ideias, conectando causa e efeito,
imperativamente de forma orgânica, em plena organização social dos
trabalhadores em querer construir uma sociedade nova.
Sobretudo,
considera-se as relações entre urbano e rural, aliando todos os trabalhadores
em prol de uma nova forma de sociedade, devendo-se reduzir as prováveis
distâncias culturais entre estes povos trabalhadores, constituindo-se numa base
sólida e autêntica de transformação das bases estruturais atuais.
Entretanto,
a questão fundamental que se aplica, trata-se da organização do proletariado,
através de uma profunda reflexão crítica, em diálogo permanente com as forças
produtivas, com tomada de consciência e de libertação da classe operária,
sobretudo, sob a exploração do capital, com uma pujante crítica cultural
socialista, engendrando-se a ideologia do Estado neoliberal burguês, com o
apoio imprescindível da religião (igrejas), bem como da mídia de massa, “para
criar o imaginário social do povo, um modo de pensar, de agir e de viver que é
capaz de se expressar como um processo coordenado capaz de mobilizar
multidões”. (MACHADO, p. 6).
Contudo,
o caráter das reformas, envolve as condições de produção, bem como através da
legislação, de acordo com Luxemburgo (2005), introduzindo-se ao controle
coletivo, fortalecendo-se sindicatos, sobretudo, o processo de democratização
do Estado, como meio de realização progressiva do socialismo.
Nesse
sentido, o papel dos sindicatos é preponderante em avaliar as condições de
trabalho dos proletários, de forma justa e com salário digno, de acordo com a
conjuntura do mercado, segundo Luxemburgo (2005), entretanto, podem-se
restringir de acordo com o grau de produtividade do trabalho, dificultando o
trabalho dos sindicatos, principalmente na possibilidade de haver conchavos
entre sindicatos patronais e dos trabalhadores, transformando-se em profundas
formas de corrupção generalizada em detrimento dos trabalhadores.
Entretanto,
deve-se suprimir todas as formas de exploração, em caminho para o socialismo,
porém, o capitalista deseja a intensificação de sua produção e consequente
lucro, aperfeiçoando técnica e ciência, no entanto, deprecia a força de
trabalho, tornando-o mais intenso, pesado e monótono, de acordo com Luxemburgo
(2005).
Nesse
sentido, o caminho deve basear-se na emancipação dos trabalhadores, em
concomitante progresso técnico, bem como das forças produtivas, porém,
predomina-se os conhecidos cartéis, favorecendo alguns grupos de empresários,
abrangendo-se uma luta entre força de trabalho e capital.
Representando-se
num movimento reacionário, evitando-se a construção da emancipação dos
trabalhadores, neste sentido, regulariza-se a exploração capitalista através
dos sindicatos, de acordo com a situação do mercado, envolvendo-se o processo
de produção, examinando-se setores amplos de desenvolvimento da sociedade.
Portanto,
acrescenta-se dificuldades imanentes a tal abordagem, em vista da expansão do
imperialismo e do mercado globalizado, precarizando, indubitavelmente, as
relações de trabalho, reduzindo salários, e prejudicando progressivamente a
qualidade de vida do trabalhador explorado.
Desta
maneira, ampliasse os lucros do capital, determinando-se um Estado de classes,
onde os interesses da burguesia são prevalecentes, portanto, os trabalhadores
não são livres, e sim explorados pelo capital, segundo Luxemburgo (2005),
implicando na produção de capital, onde as reformas encontram seus limites
naturais, devendo-se expropriar-se os meios de produção pela classe
trabalhadora, em busca de justiça social.
Foi
a descoberta de pontos de apoio, nas condições econômicas da sociedade
capitalista, para a realização do socialismo, a maior conquista da luta da
classe proletária, no curso de seu desenvolvimento. Com isso, transformou-se o
socialismo, de “ideal” sonhado pela humanidade há milhares de anos, em
necessidade histórica. (LUXEMBURGO, 2005, p. 69).
Entretanto, a classe capitalista
continua crescendo, de acordo com Luxemburgo (2005), diversificando sua
produção, expande-se o sistema de sociedade por ações, socializando a crescente
produção do capitalismo, em todas as proporções de produção, reunindo-se
pequenas fortunas em um grande capital de produção.
Separando-se
a produção da propriedade do capital, numa ampla base capitalista, ampliando-se
a quantidade de capitalistas neste processo, socializando-se a categoria de
capitalistas, “que passou a ser uma categoria social nos quadros da economia
capitalista”, (LUXEMBURGO, p. 72). Necessitando-se suprimi-las como condição
histórica de apropriação dos meios de produção pelo proletariado, eximindo-se
as bases estruturais de exploração do homem pelo homem.
Devendo-se
suprimir o capitalismo pelas massas populares, manifestada, sobretudo, pela
anarquia capitalista, com suas intrínsecas crises e inúmeros problemas sociais,
inerentes ao seu modo de produção, ocasionando, possivelmente seus
desmoronamentos, avaliando-se as questões do trabalho social.
Nesse
sentido, o trabalho humano transforma-se em dinheiro, exclusividade da economia
vulgar burguesa, segundo Luxemburgo (2005), envolvendo a construção do
espírito, algo em que, o dinheiro também é coisa útil, nesta dinâmica social,
abrangendo economia capitalista como fenômeno histórico, vislumbrando um futuro
socialista.
Contudo,
a análise do dinheiro, a teoria do capital, a taxa de lucro, bem como todo o
sistema econômico atual, encontra-se em sentido transitório na economia
capitalista, com vistas ao seu próprio desmoronamento, conforme apresenta
Luxemburgo (2005), abarcando a finalidade socialista.
Compreendendo-se
de forma científica a sociedade burguesa, do ponto de vista socialista,
torna-se imprescindível, dando-lhe estrutura científica de prospecção, nesse
sentido, trata-se de analisar os antagonismos de classe no seio do regime
capitalista, de acordo com Luxemburgo (2005), constatando-se a exploração do
capital perante o proletariado, bem como suas inerentes crises, que
sobremaneira, intensificam as expressões da questão social.
CONCLUSÃO
Com
a elaboração do presente texto, pretende-se problematizar a questão da
exploração do capital neoliberal, bem como seus rebatimentos negativos a
sociedade, representado em objeto de trabalho do assistente social, em atuar
mediando as expressões da questão social, em vista da garantia de direitos a
população em situação de vulnerabilidade social.
Todavia,
apresenta-se o trabalho do assistente social, enquanto profissão inserida
através da exploração de classe, necessitando-se de profunda reflexão sobre a
atuação profissional frente às demandas das classes subalternas, afastando-se
de concepções messiânicas e utópicas. Contudo, o assistente social deve
ressaltar a importância da ética profissional, e dos direitos e deveres a serem
executados no labor cotidiano, no fazer profissional, nas perseguições e
possíveis assédios sofridos nos diversos espaços sócio-ocupacionais, que
prejudicam a saúde de vários profissionais do Serviço Social.
Todavia,
avalia-se as condições impostas pelo neoliberalismo, e sua ofensiva maçante ao
proletariado, sendo máximo para o capital e mínimo para o trabalhador,
fundamentando-se em dogmas de uma classe burguesa que permanece no poder
estrutural da sociedade, e dita as regras a serem seguidas, causando imensos
problemas sociais e a expansão da violência em sociedade. Neste sentido,
compreende-se o aspecto cultural enquanto forma essencial de organização da
classe trabalhadora em vista da possível transformação social, aprofundamento
da social-democracia e Estado Democrático de Direito, encaminhando-se para uma
sociedade socialista\comunista, proporcionando-se o pleno desenvolvimento das
capacidades humanas.
Entretanto,
destaca-se o papel dos intelectuais em se organizarem junto às classes
populares, de forma socioeducativa, numa completa conexão e troca de saberes e
conhecimento, imprescindíveis à união coletiva em busca da transformação
social, decidindo-se entre reformas ou revolução.
Enfim,
é neste campo minado que o assistente social trabalha, com uma excessiva
demanda, e uma ferrenha exploração, necessitando-se de uma forma sub-humana
para resistir as incansáveis tentativas possíveis de cooptação burguesa
neoliberal, e permanecer na luta por direitos sociais e sua ampliação, bem como
no processo de construção de políticas públicas, atuando de forma crítica
conforme determina o código de ética profissional, sem se esquecer que o
assistente social pertence à classe trabalhadora, sendo explorado como qualquer
trabalhador na ótica capitalista neoliberal, e deve-se permanecer na luta
contínua pela transformação social.
REFERÊNCIAS
IAMAMOTO, M. V. O Serviço Social na cena contemporânea. Serviço Social: Direitos
Sociais e Competências Profissionais. (s\d).
LUXEMBURGO, R. Reforma ou Revolução?
4ª ed. São Paulo: Expressão Popular, 2005.
MACHADO, M. G. B. A importância da cultura crítica na
construção de um novo Estado. Revista de Ciências do Estado. Belo
Horizonte: v. 5, n. 1. 2020.
NETTO, J. P. Crise do socialismo e ofensiva neoliberal. 2ª ed. São Paulo:
Cortez, 1995.
SOUZA, N. A. O Colapso do neoliberalismo. São Paulo: Global, 1995.
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