Senhores do agronegócio
Possuidores de terras
Algumas foram griladas
Povos foram massacrados
Nesse desejo insano
Por poder e injustiça
Prevalece o latifúndio
Os frutos não são de todos
A terra é pra poucos
Se perpetua a concentração
A tirania do patrão
Atmosfera poluída
Solo e lençóis freáticos
Aquífero comprometido
Lucro e agrotóxico
Commodities exportadas
Grãos pra alimentar os animais
Alimento ultraprocessado
Doença cardiovascular
Anatomia de corpos embrutecidos
Feudalismo do século XXI
Máquinas à todo vapor
Fazendo a colheita da estação
O restante fica com o boia-fria
Uma diária mal paga
Na casa grande e senzala
O dia todo no sol
Queimando a pele
Dilacerando a alma
A preocupação do senhor feudal
Vem dos juros e da isenção
Não tem imposto territorial
Escassez de bom senso
Irregular solidariedade
Sentimento mesquinho
Nessa aldeia global
Enobrece a adversidade
O agro não é pop
Não é vida
É extração de mais-valia
É “sertanojo corniversitário”
Alienação todo dia
Música medíocre
Poluição sonora
Lixo fonográfico
Construindo uma redoma de otários
Pobreza cultural
Agroboy da estação
Senta no cavalo
Pra levantar o rabo
Paga de machão
Só mais um boçal
Eleitor do bozo
Pobre de direita
Paga pau de rico
Não serve pra estrume
Insuportável situação
Desse tal de Zé povinho
Quer se achar superior
A ralé da sociedade
Quantos mais na imbecilidade
MICHELATO, L. H. (2024).
Comentários
Postar um comentário