DESIGUALDES E FORMAS DE SOBREVIVÊNCIA


DESIGUALDES E FORMAS DE SOBREVIVÊNCIA


Luiz Henrique Michelato


Verdades e causas da humanidade são discutidas há séculos por grandes pensadores e pessoas engajadas a apresentar verdades que invariavelmente não podem ser ditas, considerando o poder que se estabelece em nossa comunidade. Filósofos como Rousseau (1712-1778) defendem a ideia de duas espécies de desigualdade, sendo natural ou física, de acordo com a natureza e em relação à idade, saúde, força, espírito e alma. A outra se converte em suas aparições morais e/ou políticas, relativas ao consentimento dos homens. São elencados desconcertantes privilégios que subestimam a inteligência e sabedoria humana, coexistindo seres mais ricos, mais honrados, mais poderosos e escravizados por uma forma estúpida e estapafúrdia de convivência social.

Como se constroem as virtudes necessárias ao homem socialmente aceito aos ditames que se estabelece? É preciso avaliar os condicionantes que estão determinados pelos sábios homens “bem-vestidos”, empoderados e travestidos de características peculiares e que estão imbricadas aos interesses das classes e/ou categorias mais favorecidas.

O homem do século XXI deve compreender a realidade cruel e opressora que se desdobra e fracassa em sua forma de organização social, econômica e política, dificultando o processo de evolução necessária a todos os sujeitos e indivíduos sociais, sendo essencial que sejam criadas estratégias que fomentem a criação de lideranças sociais e comunitárias, que saibam descobrir e apresentar as necessidades mais pujantes da população em situação de pobreza ou extrema-pobreza, explorada pelo modo de produção capitalista neoliberal que condiciona os indivíduos ao fracasso, as dificuldades crescentes e que fazem as pessoas serem escravas e subalternas em suas atitudes e formas adequadas de consciência.

Duzentos anos após a nascimento de Marx (1818-1883) temos a vitória de um neofascista em pleno século XXI, conservando pensamentos e atitudes conservadoras, reacionárias e influenciadas por desastres e tragédias registradas na história, consideradas atrocidades e algo que não deve ser novamente sugerido ou organizado pelos sujeitos em suas escalas mais elevadas, tendo em vista ser avaliado como um “pseudogoverno”, privilegiado pelo sistema bancário, financeiro e mercadológico que fomenta somente o lucro de poucas pessoas virtuosas em suas habilidades sociais e conjunturais.

As eleições em 2024 têm mostrado certas desavenças e perspectivas que se apresentam de forma gritante e irracional e que necessitam ser resolvidas pelos ‘detentores do poder’, pensadores e trabalhadores engajados e protagonistas de suas próprias vidas e que envolvem e se desdobram em capacidades e dificuldades difundidas.

O presente, passado e futuro tem apresentado certas aberrações que necessitam ser veementemente combatidas, retratando uma realidade desprezível e deprimente, presente em comportamentos que se mostram arbitrários e condizentes a abordagens policialescas e indubitáveis que se encontram refletidas em perspectivas condizentes ao pensamento capitalista neoliberal-conservador e reacionário, que pode ser considerado decadente e que prevê um majoritário pensamento coletivo voltado para uma permanente ‘burrice’ individual e coletiva que absorve as forças da humanidade.

A estratégia se reflete em ‘pense menos e seja escravo deste sistema injusto e desigual’ que pretende se qualificar de maneira arrogante e prepotente, considerando os sujeitos fracassados e que não venceram na vida por que não se esforçaram suficientemente a ponto de serem funcionais ao sistema capitalista neoliberal e empreendedor que enaltece o individualismo e o egoísmo nos seres humanos.

Lucro, mentira e injustiça são pontos que desencadeiam a ideologia, cultura e políticas públicas implementadas pelo estado burguês-neoliberal, voltado para atender aos interesses, privilégios e formas desonrosas em se obter riquezas e status social, permitindo o crescimento da criminalidade e instintos primitivos de sobrevivência que correspondem a determinadas nuances discriminatórias, funcionalistas e deterministas que estão impostas pelo capitalismo em sua forma mais perversa e irracional.

O movimento enciclopedista deve ser restaurado para que se possa existir novas formas e pensamentos possíveis de serem considerados e propostos para as novas gerações e representatividades. A vida errante que se encontra de maneira ditatorial-aburguesada, necessita ser subvertida e contraposta em caráter de urgência, propondo ideias filosóficas-revolucionárias que devem ser impregnadas e construídas de forma conjunta no corpo e comportamento social dos sujeitos que tentam sobreviver em meio ao caos, a barbárie e pujantes desigualdades.

O serviço público atualmente se apresenta de forma decadente e antiquada, subjugada e nutrida por interesses individuais e ‘dinheiristas’, sobrepondo o bem comum e uma perspectiva condizente ao bem-estar social. O individualismo é algo gritante no âmbito da sociedade burguesa de classes, que escancara certas verdades que não podem ser ditas pelos intelectuais orgânicos e trabalhadores que pensam de maneira crítica a sociedade capitalista contemporânea.

Líderes comunitários e projetos de economia solidária devem ser criados e organizados nos mais diversos territórios, considerando regiões com intensas e inextrincáveis injustiças e formas de desigualdade socioeconômica. O sistema capitalista financeirizado e neoliberal, privatiza a forma como tentamos viver e/ou talvez sobreviver em pleno século XXI.

A maneira predatória e irracional que vivemos, necessita ser modificada para que as atuais e posteriores formas de vida possam usufruir plenamente dos recursos naturais. Neste sentido, o modo de produção capitalista necessita ser modificado e transformado para o modo de produção socialista, orquestrado pelos trabalhadores que se encontram explorados pelo sistema burguês de produção.

Ao homem do século XXI, resta lutar e exigir das autoridades competentes que conduzam de forma adequada e equilibrada o estado burguês neoliberal e o modo de produção capitalista, considerando o fracasso do estado de bem-estar social que não conseguiu avançar para o socialismo científico e libertário.

Abordagens voltadas para o bem comum e que dialogam com maneiras equilibradas e racionais de sobrevivência devem ser fortalecidas, permitindo que os seres humanos tenham qualidade de vida e redução de carga horária de trabalho, que tenham consciência que o que produzem, se encontra subtraído pela burguesia e pelos ‘parasitas’ e políticos ‘cérebros de toucinho’ que insistem em criar carreiras políticas partidárias e ‘rir’ literalmente da cara do povo que paga por seus privilégios com o ‘suor’ de seu trabalho.

A mudança e transformação deste ‘podre’ sistema, é algo inevitável e que compreende as forças que se desdobram e se desencadeiam no tocante as mais profundas injustiças e desigualdades sociais, contrastando com um cenário onde existem pessoas trilionárias em pleno século XXI, e que viraram motivo de chacota em nível de jornalismo que se encontra atrelado ao senso comum. Ao mesmo tempo que existem tais tipos de sujeitos midiáticos e artisticamente desprezíveis, teremos que sustentar este tipo de ‘lixo’ popularesco e insano.

 

REFERÊNCIAS

ROUSSEAU, J. A origem da desigualdade entre os homens. São Paulo, Escala. 2007.

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