EDUCAÇÃO E ENSINO-APRENDIZAGEM



 EDUCAÇÃO E ENSINO-APRENDIZAGEM

 

Luiz Henrique Michelato

                         Professor, Escritor, Pesquisador, Psicopedagogo e Assistente Social – CRESS\PR 10830

                                Email: luizhenriquemichelato@gmail.com – Telefone: (43) 99170-7198

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Jandaia do Sul, PR, Brasil

02 de agosto de 2024

 

O autor Comenius (1978) em sua obra "Didática Magna", avalia acerca da utilidade da arte didática, que abrange a relação entre o valor do saber. Atribui valor ao peso da ignorância, diante das relações sociais que se estabelecem. No dizer “conhece-te a ti mesmo”. O pensamento socrático, defende que o saber deve ter alcance de valor instrumental. Problematizando o poder em ser digno de Deus e adentrar ao seu reino.

A escola deve ser lugar de educação, superando a educação tradicional, que defende uma abordagem reacionária diante dos problemas a serem resolvidos. Na “árvore da ciência” vários estigmas e perspectivas são circundados. Desaconselhando as diferenças e pontos de vista de uma sociedade democrática e justa socialmente.

A extensão do saber, deve ocorrer de forma permanente, favorecendo o desenvolvimento das capacidades dos educandos. Inteligências privilegiadas devem ser capazes de atuar de maneira crítica, considerando as profundas desigualdades e injustiças sociais. Ensinar todas as artes e todas as ciências, fortalece o processo de ensino-aprendizagem dos estudantes.

O grau de inteligência e aptidão, permitem o crescimento não somente individual, como também coletivo, desde que aplicado de forma consciente, pode favorecer o pleno desenvolvimento das potencialidades humanas, relativas à racionalidade que devem estar imbricadas aos conceitos de justiça social.

A concepção de bom senso deve prevalecer, construindo uma didática que faça os estudantes conhecerem de forma crítica a realidade social. A intuição, é pressuposto importante no processo de construção de uma didática moderna. A intuição sensível, desencadeia o processo de ensino-aprendizagem, implementado com metodologia científica que prevê normativas e influências histórico-críticas.

Assim sendo, a escola deve ser atrativa, como compreendem os verdadeiros mestres da humanidade, evoluindo pelo desejo de aprender, permeado pela elevação do entusiasmo, “procedem mal os que obrigam as crianças a estudarem contra sua vontade” Comenius (1978, p. 13).

Neto (1989) destaca que é imprescindível um enorme período para que se construa a aprendizagem, em vista da importância de as pessoas participarem de seu destino, influindo de maneira incisiva sobre os detentores do poder. O sentido de coletividade deve preponderar, diante das adversidades impostas pelo capitalismo. Em sua abordagem neoliberal, ele se fundamenta no darwinismo social, considerando os sujeitos mais aptos a participarem eficazmente da cadeia de consumo.

A organização e a união são essenciais quando o objetivo em se construir o exercício cotidiano existe, em contraponto aos conflitos de interesses que ideologizam a cultura burguesa de produção. Venho refletindo sobre a importância do processo de ensino-aprendizagem, que promova indivíduos críticos que saibam fazer análise de conjuntura, e compreendam o sistema ‘imundo’ que vivemos, onde o egoísmo e a irracionalidade destroem qualquer possibilidade de uma saudável convivência social.

A religião se vincula diretamente a estratificação social, orquestrado pelos líderes empresariais e pelos detentores do capital, aliados aos trabalhadores com maiores níveis de qualificação, conforme indica Weber (2013, p. 33). “Quanto mais liberdade tenha o capitalismo possuído, mais claramente o efeito se manifesta”.

      O tradicionalismo econômico se envolve na trama das tradições religiosas, predominando a dominação eclesiástica no domínio das relações sociais. O capitalismo impõe sua ordem permeada pela violência e pelo terrorismo, nos termos de Ianni (2004). O terrorismo se relaciona em ações brutais e devastadoras, a crueldade e a insânia são inerentes ao modo de produção capitalista.

As lutas pelo poder são inextrincáveis ao sistema político e econômico atual, se desdobrando em escala nacional e global. O terrorismo se apresenta através das possibilidades e perspectivas que ocultam a realidade existencial. Se desenrola em diferentes setores da sociedade, variando entre o público e o privado, caracterizando as nuances da sociedade contemporânea.

O impulso para o ganho e a ânsia pelo lucro, manifestou as condições para a formação do mercado formal e livre, de maneira investida no âmbito da contabilidade racional, de acordo com Catani (2011). Até que ponto a economia de mercado determina a forma como pensa à sociedade? Desencadeando aspirações dos explorados pelo capital, reverberando numa força contrária a ordem dominante, na busca pela libertação do povo que se encontra oprimido pelo capitalismo.

A educação deve ser construída pelos sujeitos organizados em prol da luta contra as injustiças sociais. Ao operário é necessário ressurgir, invocando as forças da organização das massas, pressionadas pela classe burguesa, que se movimenta de forma aristocrática, utilizando-se de organismos opressores, que atuam em perfeita sintonia com os ditames das elites.

O movimento deve ser de intensa resistência, relativo à revolta por parte do operário, profundamente explorado pela mais-valia do capitalista. Segundo Antunes (1986) é necessário haver determinada abertura democrática, diante do movimento das massas de trabalhadores. A educação deve ser mola propulsora dos condicionantes sociais, devendo desenvolver uma eficiente capacidade de refletir e de pensar o mundo de maneira crítica, prezando pela racionalidade de convivência social.

O conhecimento deve privilegiar a ecologia moderna, pois, devemos ser mestres reais e conscientes da natureza, organizando de forma eloquente a vida em sociedade. O humanismo completo da natureza, implica numa nova ordem social, constituídas por pessoas evoluídas em nível cognitivo e social, apresentando possíveis resoluções para os problemas sociais, realizado por meio de pesquisa cientifica, conforme indica Lowy (2014).

A revolução faz parte da história. A legitimidade tradicional pode causar impactos nocivos a sobrevivência dos seres humanos, de acordo com Hobsbawm (1995). A luta por terras sempre evidenciou a história das sociedades. A revolução mundial deve acontecer para que as pessoas possam realmente usufruir plenamente dos condicionantes movidos pelos próprios trabalhadores, valorizando cada função, ofício e trabalho, devendo ser obrigatório dos 18 aos 59 anos.

A educação deve providenciar os elementos indispensáveis em colaboração entre os setores produtivos, propondo conhecimento crítico buscando libertar a sociedade das amarras do capital, que entorpece de forma servil os indivíduos sociais. A educação e o processo de ensino-aprendizagem devem construir coletivamente o conhecimento, desenvolvendo o conhecimento crítico, capaz de formar seres reconhecedores de seus direitos e deveres em sociedade, que lutam por justiça social, democracia real e participativa, com uso da inteligência artificial (IA) buscando construir uma abordagem plural e coletiva.

O presente artigo foi desenvolvido com o aluno Matheus do 5º ano da Escola Municipal Monteiro Lobato, que contribuiu com dois raps que abalam as estruturas do sistema capitalista. Um rap foi de autoria própria, sobre as adversidades que vivemos no sistema atual, que condiciona os indivíduos aos seus prazeres e turbulências estruturais e conjunturais. Este trabalho foi uma experiência com alunos da referida Escola, durante o processo de observação do estágio pelo curso de licenciatura em Pedagogia.

É possível observar e analisar o quanto é importante instigar os alunos de acordo com seus gostos e preferências, trazendo à tona a sua realidade e existência no âmbito da sociabilidade burguesa, problematizando questões cotidianas acerca do processo de ensino-aprendizagem. Ao educador, é necessário que ele estude e trabalhe com respeito e ética perante o ambiente educacional que se apresenta, promovendo uma educação de qualidade e que alcance seus objetivos preestabelecidos, reconhecendo a importância e individualidades dos educandos.

 

Rap do cotidiano

 

Eu vou mandar essa letra

Que liberta nossa mente

Faz a alma crescer

E o conhecimento se difundir

É preciso alterar o sistema

Que destrói a nossa vida

Essa letra tem peso

Contra o sistema capitalista

O trabalhador tem que lutar

Pra conseguir prosperar

A mudança só vai acontecer

Por meio do conhecimento e saber

Deve existir uma nova configuração

Diante de uma possível evolução

É preciso história e música alternativa

Pra acabar com a alienação

E com o pensamento mesquinho

É essencial crescer

Ter conhecimento e saber

MICHELATO, L. H. (2024).

 

Diretoria tá de pé aí mané

Olha a revolta dos moleque sofredor

Se jogou nas ondas da maldade

Maluco agora é tarde

O seu castelo desabou

Selva de pedra em que vivemos

Pra se esquivar do tormento

Temos que nos libertar

O clima aqui está difícil

Mas se liga aí parceiro

Que eu vou continuar

Eu peço a Deus para que olhe

Por nós don don don don

Pensamentos, mas não calaram minha voz

Mc Matheus (2024).

 

Igota nós é a moda antiga

Autacúpula de bandido que fecha na sintonia

Nosso lema é tikdisciplina

Dentro da hierarquia

Movimentando mais que as nossas mercadorias

E a pfinvestiga negociação

Desce e sobe mala

Abre e fecha mala

Exportação a todo continente

Nós tem cliente na nossa mão

Que financia a nossa farra

Com a nossa melhor gestão

Bonde dos 14

Desde os 12 é time de monstrão

155 157 especialistas em bombas e lendas

E que lutem de pivete sempre fui

De aprontar vários riscos

Mó flash isso toda semana

Mas o perigo nos diverte é assim

Que nós conta foda-se o governo

Eu nasci cheio de ódio meu peito transborda

Revolta por isso no trecho os fuzil

Vai no óleo e as bala na face

Dos bota eu não tenho medo

E muito menos receio tudo que vai um dia

Volta nas ruas do gueto

Quem saca primeiro é o dono da festa.

Mc Matheus (2024).

 

REFERÊNCIAS

 

ANTUNES, Ricardo. Crise e Poder. 3ª ed. Cortez Editora, 1986.

 

CATANI, Afrânio Mendes. O que é capitalismo. 35ª ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 2011.

 

COMÊNIUS, João Amos. Didática magna. Rio de Janeiro: Editora Rio, 1978.

 

HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos: O breve século XX 1914-1991. São Paulo: Companhia das letras, 1995.

 

IANNI, Octavio. Capitalismo, violência e terrorismo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2004.

 

LÖWY, Michael. O que é ecossocialismo? 2ª ed. São Paulo: Cortez Editora, 2014.

 

NETO, Pedro Antônio de Lima. A participação. Editora do Brasil S/A, 1989.

 

WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Martin Claret, 2013.

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